sábado, 25 de maio de 2013

Velha Guarda da Portela em show inédito- Homenagem à Clara Nunes

 


SALVE SAMBA!
Velha Guarda da Portela - participação de :
Virgínia Rosa e Aline Calixto

SESC Belenzinho
Dia(s) 07 e 08 de junho 2013
Sexta e Sábado, às 21h30

Sao Paulo
A Velha Guarda da Portela presta homenagem à eterna madrinha Clara Nunes interpretando músicas de seu repertório. Entre os compositores escolhidos estão Monarco, Candeia, Manacéia, Paulinho da Viola e Paulo César Pinheiro. A direção musical é assinada por Paulão Sete Cordas, arranjador responsável pela direção musical de inúmeros trabalhos realizados com a Velha Guarda da Portela e grandes nomes do samba. Participações especiais de Virgínia Rosa (07/06) e Aline Calixto (08/06). Comedoria.
Duração: 1h30. Ingressos à venda pela rede INGRESSOSESC a partir de 24/05, às 14h.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Notícia: Novo livro de Pai Silvio Mattos deve ser lançado até o final do ano

É com grande alegria e satisfação que divulgamos aos nossos irmãos de fé que o terceiro livro escrito pelo dirigente espiritual da APEU, Pai Silvio Mattos, deverá ser lançado até o final do ano.

A editora Portais da Libertação vai editar a obra "Casos Reais Acontecidos na Umbanda", que trará cerca de 70 histórias verdadeiras e devidamente confirmadas, que retratam o dia a dia dos terreiros de Umbanda, mostrando as curas, as desobsessões, os trabalhos de desmanche e até os efeitos-físicos que ocorriam em outras épocas, bem como certos absurdos e abusos, que servirão para abrir os olhos de médiuns e iniciantes que desconhecem as coisas que envolvem a espiritualidade em sua verdadeira ação.

Vamos aguardar....

terça-feira, 7 de maio de 2013

DISCO DO MÊS - NA GIRA DO PRETO VELHO

Estamos no mês de maio.

Como costumeiramente fazemos, divulgaremos a capa de um disco (LP), que traz as cantigas sagradas dos sábios Pretos Velhos, já que no dia 13 comemoramos seu dia, o dia da libertação dos escravos no Brasil, o dia em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
Este disco foi gravado em 1974 e relançado em 1986 (segue abaixo as duas capas na ordem).
Destacamos neste disco a participação de um dos maiores sambistas do Brasil de todos os tempos: Bezerra da Silva, que gravou a faixa "Bate Tambor na Angola", como um exímio Ogã de Canto de Umbanda.




segunda-feira, 6 de maio de 2013

Os netos de santo

Praticantes do candomblé contam como é feita a iniciação das crianças, que desde bebês exercem funções e participam das cerimônias


POR ANGÉLICA FERNANDES – Odia

Rio - Aos oito meses de idade, Heitor Monteiro Paganini já tocava atabaque no terreiro de candomblé da sua bisavó de sangue, Edelzuita de Lourdes. As batucadas não eram por diversão. Mesmo ainda bebê, Heitor exercia um dos “cargos” mais renomados da religião: o de ogan alagbê (que é o “chefe” dos tocadores no terreiro). A função não foi escolhida por ele, e muito menos por sua mãe de santo. O responsável, segundo os frequentadores do terreiro, foi seu orixá Xangô (Deus da Justiça), que o consagrou naquela época, para hoje, um ano depois, este virar o grande dom de Heitor.
“Ele toca junto com os adultos e faz bonito. Acompanha todas as cantigas no ritmo certo. É a sensação do terreiro. Xangô, com sua sensibilidade, soube ver exatamente o dom dele”, conta a bisavó de Heitor, e também sua mãe de santo, Edelzuita D’Oxaguiã, que através do jogo de búzios interpretou a vontade do orixá em ter Heitor como ogan.

Heitor exerce um dos ‘cargos’ mais renomados da religião: o de ogan alagbê ('chefe' dos tocadores no terreiro) | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Heitor exerce um dos ‘cargos’ mais renomados da religião: o de ogan alagbê (‘chefe’ dos tocadores no terreiro) | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
 
Mas para exercer tal função, Heitor precisou da dedicação de toda a família. Quando uma criança é iniciada no candomblé, ela participa de cerimônias em homenagem ao orixá para então ficar recolhida num quarto no terreiro, por dias. “Heitor ficou quase um mês lá. Muitas pessoas da minha família passaram a morar no barracão porque ele era um bebê ainda”, contou a mãe dele, Carla Mayara Monteiro e Monteiro, 21.
A experiência vivida por Heitor na sua fase de recolhimento será a mesma de Ana Clara, 7 anos, Nicole Tina, 7, e Patrik Alan, 11, nos próximos meses. No terreiro da mãe Meninazinha D’Oxum, em São João de Meriti, na Baixada, as três crianças, que, no jogo, apareceram escolhidas por seus orixás, serão iniciadas nos preceitos do candomblé. A decisão de seguir o caminho é opcional. “Eu quero. Gosto daqui”, conta Patrik.

Número de candomblecistas diminuiu, segundo Censo

Dados do último Censo do IBGE, em 2010, mostram que há 50.967 candomblecistas no Rio. Em comparação ao penúltimo índice, em 2000, houve redução de adeptos da religião. Naquele ano, 55.400 pessoas disseram ser do candomblé. Na umbanda, o dado em 2010 chega a 89.626 pessoas. O número pode estar diminuindo pelo medo que as pessoas sentem do preconceito.
Tauana dos Santos, 23, vai ter seu primeiro filho em três meses. Ele nascerá no mesmo meio em que ela nasceu e cresceu: no candomblé. Vítima de preconceito, Tauana quer tolerância na religião para seu filho. “Vou deixar ele escolher a fé que quiser. Só vou exigir respeito das pessoas”, completa.

Nicole Tina, Ana Clara Sales e Patrick Alan serão iniciados nos preceitos do candomblé | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Nicole Tina, Ana Clara Sales e Patrick Alan serão iniciados nos preceitos do candomblé | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
 
Iniciada criança, ‘mãe’ hoje tem mais de 150 seguidores

Quando foi iniciada no candomblé, na década de 1930, aos nove anos, Maria do Nascimento, a mãe Meninazinha D’Oxum, hoje com 75 anos, não imaginaria a legião de filhos de santo que teria. Pelas suas mãos, já passaram mais de 150 pessoas. Agora está na terceira geração de seguidores: em breve, ela iniciará sua bisneta Ana Clara.
Para nunca esquecer sua raiz e principalmente sua avó, Iyá Davina, a quem atribui a responsabilidade por sua adoração à religião, Maria construiu em seu barracão, na Baixada, um memorial que guarda desde fotos antigas até artigos de santo. A intenção inicial de fazer uma homenagem à avó foi além. Hoje, o espaço é fonte de história e o lugar preferido das crianças no terreiro.
“Elas aprendem a base da nossa religião aqui”, explica Meninazinha, que trouxe para o memorial elementos de quando Iyá Davina tinha um terreiro na Bahia. “Guardo até o primeiro ibá (louça que representa o orixá) de Oxum da minha avó”, conclui.

Preconceito faz muitos jovens esconderem a religião

Quando Nicole Tina da Silva, de 7 anos, resolveu contar na escola que era candomblecista, perdeu quase todos os seus colegas de turma. “Riam de mim e falavam que eu era macumbeira, que isso era coisa do demônio”, relembra. A reação dos colegas a fez mentir em outras ocasiões. “Depois disso, eu passei a dizer que era católica”, admite, resignada.
O preconceito sofrido por Nicole foi o mesmo das mais de dez crianças acompanhadas nos últimos 21 anos por Stela Guedes Caputo, atual coordenadora do Ilê Obá Òyó, programa de pós-graduação em Educação da Uerj. “As crianças daquela época sofreram a mesma intolerância das crianças de hoje. Nada mudou”, explica a autora do livro ‘Educação nos terreiros’, lançado ano passado.
De acordo com Stela, a escola é o ambiente mais cruel do preconceito, que parte dos alunos e também de professores. “O professor confunde o público com privado. Sua fé, que é privada e íntima, se mistura com o espaço público da escola”, aponta Stela. E conclui: “Nossa educação pública sempre foi marcada por catequese”.
Mesmo com a rejeição por parte da sociedade, nenhum dos seus personagens de estudo abandonou a religião. “Pelo contrário, eles têm muito amor e dedicação. Mas ainda é uma pena que precisem esconder sua fé”, lamenta.